sábado, 4 de julho de 2015

Da arte ou da vida.

Um passo para trás. Dois, três, quantos forem necessários. Às vezes, a gente precisa olhar a pintura de longe para entender melhor o que ela significa. De vez em quando, precisamos olhar o problema com a cabeça mais fria para encontrar a solução. Quase sempre, precisamos ter fé que no futuro as coisas vão se encaixar, quase que milagrosamente. 

Se a gente olhar a obra de muito perto, corremos o risco de não ver a sua grandiosidade. Ficamos apegados aos detalhes da vida: contas que precisamos pagar, discussões mal resolvidas, intermináveis listas de coisas a fazer. Nunca sobra tempo pra apreciar um pôr do sol. Nunca é possível dormir até mais tarde. Não estamos interessados na vida dos nossos amigos, da nossa família, porque a nossa vida já é complicada demais. Não fazemos grandes planos pro futuro, porque ele vai chegar de qualquer forma. 

Precisamos parar para apreciar a vida. Dar um passo para trás para poder enxergar que a preocupação não leva a nada, que as contas, sejam elas pagas ou não, estarão sempre lá, mas as pessoas que a gente ama, talvez amanhã não estejam mais. 

E se você ousar se afastar um pouquinho mais, vai perceber que no fim, nada é por acaso, nenhuma cor, nenhuma dor, nenhuma cicatriz. Vai perceber que no plano geral, todos os pontos se conectam, todas as linhas se encaixam. Você precisa é ter coragem de abrir mão das coisas certas. De cuidar muito bem dos caminhos pelos quais seus pés irão avançar. E pelo que vale a pena recuar. 

sábado, 9 de maio de 2015

Tudo o que eu já disse.

Eu queria te dizer tanta coisa. Mas eu só falo demais quando não devo. Quando olho as nossas fotos, eu vejo a felicidade guardada um pedacinho de papel. Clichê, né? Será que alguém já escreveu isso? Será que alguém já sentiu isso? Por falar em sentir, eu sinto muito. Sinto muito por todas as vezes em que apostei demais nas expectativas e nos contos de fadas. Sinto muito por ser grossa e depois tentar ser fofinha no momento seguinte, e parecer louca sem querer.

Mas, como já disseram por aí, as pequenas coisas tem um valor maior, né? Pena que a gente sempre se esquece, ou quase não se lembra de dizer. Então, lá vai: adoro a forma brincalhona como você encara a minha bagunça. Você dá risada do meu jeito maluco de colocar o mundo de cabeça pra baixo e achar que isso é normal. Dá bronca quando eu passo dos limites. Aí, quem ri, sou eu. Gosto também quando você acorda e vai dar comida pros cachorros, pra eu aproveitar aqueles cinco minutinhos de preguiça matinal. E nem se importa se camisa branca vai ficar cheia de marquinhas de pata, outra coisa que aliás, eu adoro também. Acho lindo, quando você ri com os olhos, quando estou preparando alguma coisa e você vem pra cozinha me fazer companhia. Ou quando esquece a letra da música e ainda insiste em cantarolar. Eu sei, a gente economiza nos elogios, mas nos beijos e abraços, nunca.

Você não sabe, mas eu nunca tive almoços de domingo, com a família reunida, igual na novela, antes de você. E faço tudo pra agir naturalmente. Você não sabe, mas eu te ajudava a estudar pra ver sua cara animada, me explicando coisas que minha cabecinha de vento jamais iria assimilar. Você nem imagina, mas álbuns de figurinhas do seu lado, eram mais legais que ganhar a Copa.

Você não sabe um monte de coisas que eu nunca te disse e sabe outras tantas, muitas vezes tão desnecessárias, E eu não sei uma porção de coisas que você acha que eu sei, que ficam só no campo da teoria, ou do pensamento. Moral da história: se eu falasse menos e você falasse mais, talvez nós faríamos o par perfeito e acumularíamos ainda mais histórias boas guardadas no tempo por fotografias bonitas. Mas, pensando melhor, esse negócio de perfeição é chato e morreríamos de tédio em 7 dias úteis. Melhor focar na conversa boa, nas histórias bonitas e no que vale ser guardado no tempo. Desse jeito, a prosa rende.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Legado.

Deixa que a vida leva. Que o tempo se encarrega. Que as feridas saram. Que o medo vai embora. 

Deixa que o relógio voa. Que a pressa passa. Que o pesado, um dia, fica leve. 

Deixa que a dor vai diminuindo. Que o amor-próprio vai aumentando. Que a fé na vida vai somando. Que o futuro vai surgindo. 

Deixa pra lá o que te deixou pra lá. Deixa pra amanhã a tristeza. Deixa pra depois o que não tem remédio. 

Deixa na mão do destino, que ele sabe o que faz. Deixa sua prece mais bonita para Deus, sempre vale a pena.

Deixa a experiência somar e o arrependimento sumir. 

Deixa a vida colorir o seu dia. Deixa o mundo te abençoar com o que você merece. 

Deixa o problema na gaveta que quando você voltar, já virou solução. 

Deixa o universo conspirar a seu favor. Deixa de lado a dor e leva seu sorriso pra passear. 

Deixe eles rirem. Tudo que vai, volta. 

Deixa o que não for pra ser ir embora e o que tiver que ficar, a gente ajeita. 

E se for amor, não deixa passar.